Clássico do Teatro em Poa

Se Meu Ponto G Falasse está de volta à cidade a partir de sexta-feira, na Casa de cultura Mario Quintana. A peça trata com muito humor de sexualidade, casamento, separação, profissão, beleza e medos em quatro fases que permeiam a história destas duas mulheres, provando que é mais fácil descobrir a origem do universo do que desvendar a alma feminina.


 Na primeira fase - Cinderela - as personagens idealizam o Príncipe Encantado. A imagem feminina que conduz a narrativa é a santinha, representada por ícones dos anos 50, isto é, a mulher ingênua, delicada e frágil.

Na segunda fase - A Bruxa - a mulher se relaciona com a separação e o desamparo a que se vê submetida. Ela é incapaz de cuidar de si mesma. Uma mulher doente, hipocondríaca, adepta do robe de chambre, bobs e unhas por fazer. É uma mulher que se lamenta e morre de pena de si mesma. A imagem sugerida é das grandes heroínas trágicas das telenovelas brasileiras.

Na terceira fase - A Loba - as personagens reagem em busca de um novo sentido para suas vidas. Saem à noite e emergem como o ícone de Diana, a caçadora.

Na quarta fase - A Profissional - as personagens descobrem seus talentos profissionais e transformam-se em bem sucedidas mulheres de negócios. Poderosas, elas usam sua feminilidade como arma, quando necessário, mas sem perder a ternura jamais.

Se Meu Ponto G Falasse é um espetáculo para homens e mulheres. Apesar do homem não estar fisicamente em cena, ele aparece como centro deste universo feminino descrito pelos autores. O homem aparece como um contraponto a essa Nova Mulher que nasceu depois de todas as conquistas e até dos traumas do movimento feminista. Uma certa fragilidade e espanto refletem-se no olhar de Bia e Ana.

O tempo do espetáculo se revela através do calendário que, página após página, marca sempre o mesmo dia, revelando o eterno cotidiano da mulher submetida a um ritual de repetição. Escravas de um dia que não termina, mas que, interminavelmente, sempre recomeça. Ao longo dessa quarta-feira sempre igual e sempre diferente, Bia e Ana desfilam suas esperanças, suas queixas, seus projetos, sua dor, seus desejos e fantasias sexuais, sua desilusão e sua intensa capacidade de se refazer e se reinventar.

O interesse no universo feminino se deve ao fato de a mulher ter sido, ao longo do século XX, quem mais se transformou e quem mais promoveu transformações no plano social e cultural. Desde o direito ao voto, passando pela anticoncepção a uma inserção no cotidiano, até então, predominantemente masculino. E também porque mulheres cantam, choram, fingem, amparam, traem, disputam, defendem, nutrem e desprezam. Engordam e emagrecem. O universo feminino foi e sempre será fonte de inspiração de obras artísticas. É mais fácil descobrir a origem do universo do que desvendar a alma feminina. Se Meu Ponto G Falasse abre o pano, mais uma vez, para dar corpo e voz à mulher.

O grupo se apresenta em Porto Alegre de 13 de agosto a 5 de setembro - sextas, sábados e domingos às 20h, no Teatro Bruno Kiefer na Casa de Cultura Mario Quintana. Os ingressos custam R$ 25,00 inteira, 20% de desconto para estudantes, Clube do Assinante ZH (20,00), idosos: 50% (12,50).