Fora das passarelas, modelos pintam, escrevem e fotografam

Quem pensa que vida de modelo é só glamour, prova de roupa e coisas supérfluas está enganado.
Entre um desfile e outro, uma viagem e outra, ou no intervalo de fotos, muitas delas desenvolvem atividades artísticas, apresentando dons de pintoras, escritoras e fotógrafas. Algumas nem terminaram o colegial, mas se mostram autoditadas, principalmente quando o assunto é arte e cultura. O universo da moda nem sempre está inserido nos seus trabalhos, alguns expostos em outros países.





É o caso de Palloma Dreher, 22 anos, modelo há cinco e, há três, tem se revelado uma pintora de mão cheia. Seu trabalho se assemelha à grafite com um quê de cubismo. "Estava em Nova York e chovia. Como tinha vários lápis de cor que outra modelo tinha deixado, comecei a desenhar com as outras meninas de lá. Aí todo mundo gostou e me
incentivou. Agora pinto com tinta a óleo, mas tenho de estar sozinha para isso, não importa o país", disse. Alguns de seus quadros estão na galeria Jean Paul Memmi, em Paris. "Já vendi um por 400 euros."


Quanto aos estudos, ela diz que gosta de aprender, mas não de ir à escola. "Leio muito sobre arte e vou a todos os museus e exposições que posso."




Futura escritora

Michelle Provense, 25 anos, há nove na profissão, também não terminou o colegial, por conta da correria da vida de modelo. Isso não é obstáculo para quem começou há um ano e meio a escrever um livro infanto-juvenil, que mistura realidade e fantasia. "Não vou contar muito, mas adianto que se passa na Copa do Mundo de 1970, com um personagem italiano. Tenho feito muita pesquisa sobre o assunto e a época. Meu projeto é publicá-lo."


Michele já escreveu o roteiro para dois curtas de animação, que um dia ela pretende realizar, e é blogueira para um site de revista feminina. "Já escrevi letras de músicas também, mas não toco nada. Escrevo pensando na melodia." A modelo está sempre com um caderninho na mão e não perde tempo. "Há muito tempo livre entre os trabalhos. No aeroporto, nos backstages sempre estou escrevendo alguma coisa", disse e completou: "Tem aquele ditado que diz 'Cabeça vazia, piscina do inferno', por isso estou sempre ocupando a minha."




Por trás das câmeras

Jessica Pauletto, 19 anos, que voltou a desfilar no Fashion Rio, após mais de dois anos parada, período em que engordou 20 kg por causa dos medicamentos que tomou para se curar da doença chamada púrpura (queda de plaquetas no sangue), não sai sem sua máquina fotográfica. Ela aproveita para fotografar os bastidores dos desfiles. "Mas o universo da moda não me agrada muito para fotografar, prefiro fazer trabalhos mais artísticos, trabalhando com sombra e luz", afirmou a modelo, que está com 12 fotos expostas na escola Senac da Lapa, em São Paulo.